quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sobre o Suicídio

Émile Dukheim nasceu em 1858 e faleceu em 1907. Já faz muito tempo. Ele foi mais um daqueles pensadores que são intitulados filósofos, antropólogos, físicos e sociólogos. Criou o fato social (qualquer forma de indução sobre os indivíduos que é tida como uma coisa exterior a eles, tendo uma existência independente e estabelecida em toda a sociedade, que é considerada então como caracterizada pelo conjunto de fatos sociais estabelecidos.) e é até hoje lembrado pro seus estudos.

Eu o conheci  no 1º semestre da faculdade. Disciplina de Sociologia. Naquele tempo não sabia a importância do cara. Estudou o suicídio, publicou  o livro 'O Suicídio', obra que lhe deu o título de Doutor. Era meio louco, estudar o suicídio... Dizem que começou a pesquisar o fato social (suicídio) após um amigo ter se matado. Não sei, mas acho que ele mesmo tinha problemas.

Em resumo, Dukheim classificou o suicídio em três. O egoísta, que consiste em uma falha na integração, uma individualização excessiva com o meio social, ou seja, para o suicida egoísta, sua existência não vale de nada, assim, o que resta é "partir para outra". O altruísta, refere-se à individualização insuficiente. Neste caso, o indivíduo é tão importante para o meio que ele sente-se no dever de sacrificar-se para atingir o grau de heroísmo. O anômico, quando nada faz sentido, nem no interior do indivíduo, nem no meio social. E mais, ele não consegue controlar isso tudo...

No estado de anomia o indivíduo não consegue acompanhar as mudanças e as pressões do meio. Tudo que ele faz não é suficiente. Ele luta, se esforça...e nada. Ninguém o enxerga.

Vivo esse momento. Tenho tentando ser uma boa pessoa. Me dedico ao trabalho e aos estudos. Acordo cedo todos os dias, faço o que tem para fazer (falto às vezes). Tento superar o cansaço, principalmente o psicológico.

Mas o esforço é muitas vezes em vão. Se eu acordar cedo e não fazer todas tarefas de casa , minha mãe me critica. Se desligo o ventilador as 5h da madrugada, minha irmã permanece com o dela ligado até às 9h. Além de acordar na hora que quer.

Ajudo no que posso. Faço o café quando não está pronto, lavo a área suja quando não está limpa. Tranco-me dentro do quarto para estudar, tento me concentrar. O processo de produção de monografia é dos piores. 

Enquanto isso minha irmã vai levantando, se tiver louça para lavar, ela lava se quiser. Ainda diz que lava todos os dias. E ninguém pode reclamar, se não ela 'engole'. Estuda quando quer, na maioria das vezes antes de entregar um trabalho ou fazer uma prova. Não liga para economias. Minha mãe dá 'tudo'. Quer ir ao cinema em todas as estreias. Estoura o cartão e pede para minha pagar porque ela não está trabalhando. Se antes de sair não tiver almoço pronto, quer comer em um restaurante caro. Quando chega, fica até a madrugada assistindo filmes, na maioria das vezes, o mesmo da noite anterior.

Graças a Deus como de tudo. Se almoço não sair no horário, como o arroz gelado com um ovo frito. 'O pouco com Deus é muito'. Não preciso de dinheiro para merendar, tomo uma café no trabalho, aguento até as 22h quando termina minha aula. Quando chego, não quero atrapalhar o sono de quer dormir, pois o som e a luz da TV incomoda quem quer dormir.  Olha que eu pago a assinatura da TV. Me tranco no quarto, ligo meu computador e vou 'tuítar'.

Gasto muito, confesso. Sobra mês no fim do dinheiro. É pouco, mas gasto com minhas coisas. Compro minhas roupas, tomo minhas cervejas e pago minhas peças de computador. Não gosto de pedir à minha mãe. Ela já paga a comida, a água e a luz, além das mordomias da minha irmã. Quando não resolve ajudar nas minhas dívidas.

Tento ser bom. Confesso que não quero ser 'Jesus', peço perdão por isso, mas tenho pensado muito nas pessoas. No trabalho, não venho atuando na seção que gostaria. Nasci para o jornalismo impresso, apesar de saber que o online é o futuro, quero viver os meus sonhos. Mesmo assim tenho me esforçado. Chego cedo e saio mais tarde. Nunca ouvi um obrigado. Minhas ideias saem no jornal. Quem acolheu a sugestão nem sequer sorri no dia seguinte.

Devido essas e mil outras coisas venho me estressando com a gota d'água que pinga no banheiro. Mando se fuder quem quer me corrigir. Não tenho paciência para minha namorada. Exilo-me no meu mundo. Tento silenciar, vê os erros e engoli-los a seco.

Mas tá difícil. Começo a entender o suicídio anômico.

"Suicídio, do latim sui (próprio) e caedere (matar), é o ato intencional de matar a si mesmo. Sua causa mais comum é um transtorno mental que pode incluir depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, alcoolismo e abuso de drogas. Dificuldades financeiras e/ou emocionais também desempenham um fator significativo"

domingo, 5 de setembro de 2010

Silêncio gritante

Mãe dos Lobisomens e dos vampiros, a Noite sempre foi inspiração para os poetas e boêmios. Tive um amigo que quando anoitecia, ele trancava-se no quarto escuro para compor músicas (que Deus o tenha, suicidou-se há alguns anos. É o que foi dito). Comparações à parte a Noite costuma me ferir sempre. É quando ela chega que eu sinto todas verdades que me corroem.

'Quando tá escuro/ E ninguém me vê/ Quando tá escuro/ Eu enxergo melhor', já dizia Pitty. Sinto que a Noite sempre me diz algo. Algo que me faz refletir. A maioria dessas coisas se diz respeito a minha vida, o que eu fiz, deixei de fazer, faço e ainda eu vou fazer.

Geralmente toca-se ao fundo uma música daqueles norte americanas, com tom suave e romântico. Consigo ver mil coisas rodando ao meu redor. Escuto o pingo d'água que cai no banheiro, os gatos e ratos e correm sobre o telhado e até mesmo a coruja que rasga o céu de lua cheia.

Penso também nos outros. Naquele amigo que tomou decisões surpreendentes, naquele que tem a vida ganha e naquele que nem se quer sabe o que quer. Penso nas inúmeras mulheres que já conheci. Naquelas que um beijo foi melhor que uma noite de sexo e também daquelas que loucamente, se entregou.

Mas o que mais me dói é pensar no meu futuro. Batalhei muito até aqui. Mas também deixei muita coisa para trás. Um curso de inglês nunca fiz, por exemplo. Vejo outros jovens da minha idade que já são vencedores, que renunciaram sua adolescência para alcançar o topo das conquistas. Tenho medo de terminar a faculdade e ficar ao 'léu'.

O fato de eu ter vivido uma adolescência 'loucamente', pegando muitas meninas, traição, sexo, alcool, me fez até forte. Melhor ter feito numa época onde 'tudo' era permitido. Vejo alguns amigos que não curtiram tal momento e se 'conformaram', pois o tempo passou,e agora já é tarde. E fica por isso.

Também já amei e já sofri. Se é que amor é algo que se possa definir. A Noite, escura, silenciosa e gritante, me diz o quanto eu já vivi, mas também me mostra o quanto de tempo ainda tenho para viver.

Mas também agradeço a Deus todos os dias por me dar esta noite, que resulta de um dia abençoado. Pois meus erros só Ele pode julgar. E confio Nele para que tudo dê certo. Para eu e para todos.