quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Perdão

Como disse no post anterior, a vida anda injusta comigo. Talvez eu tenha feito algo muito errado, nesta ou na outra vida, para tá passando por tudo isso.

Para tentar mudar esse quadro, irei perdir em público, Perdão a Deus:

Perdão Senhor,

por não concordar com tudo que minha mãe fala;
por não aceitar o comportamento errôneo do próximo;
por achar que todos conspiram contra mim;
por não reconhecer a existência de meu pai;
por gastar além do que eu posso pagar;
por ter chegado embrigado duas vezes em casa nesses 7 anos que 'bebo';
por ter experimentado três 'carreiras' de cocaína um dia;
por ter traído todas minnhas ex-namoradas;
por ter tido incesto;
por desejar a mulher do próximo;
por ser uma pessoa sexualizada;
por desejar a morte de algumas pessoas que fazem o mal a mim e a outros;
por ser uma pessoa rancorosa;
por ser vingativo;
por ter chegado próximo ao suicídio; (ver post 'Sobre o Suicídio)
por ter pedido minha Fé em Deus.

SENHOR, ME PERDOA POR TUDO QUE FIZ DE ERRADO.
PEÇO UMA CHANCE, SÓ UMA CHANCE.

Desabafo público

Ultimamente nada vendo dando certo na minha vida. Seja no lado social ou profissional, tudo, tudo dá errado. O pior que tenho sido um bom garoto. Tenho ido à Igreja, feito minhas orações, tratado bem as pessoas (mesmo aquelas que me magoam), mas nada dá certo.

Minha mãe me culpa por eu vê os erros dentro de casa. Tem me criticado por eu aceitar a convivência com um alcoolatra. O pior, diz que eu 'só' passo o dia com 'a bunda no computador' estudando, e olha que isso foi o que mais ela me pediu. Sempre estive entre os melhores na escola e na faculdade. Fiz e faço isso por ela.

No trabalho, meu esforço não é reconhecido e mesmo assim sigo dando o meu melhor. Mas a 20 dias da minha formatura, não tenho nehuma expectativa de continuidade. 'Ninguém me vê'. Há dois dias tive uma conversa sobre uma vaga que iria abrir. De repente tudo mudou, criei expectativas, perdi perdão a Deus por toda minha descrença. Mas foi em vão. 'A vaga vai ficar com outro rapaz'.

Como falei no parágrafo anterior, até minha Fé se foi. Por umas semanas questionei a existência de Deus. Não é possível uma pessoa ser tão injustiçada assim!

O que vocês acham de um cartomante pedófilo que paga e droga crianças para manter relações sexuais, além de ter envolvimento com o tráfico de drogas? Dá uma manchete de jornal não é? Não, não, eu tenho essas informações, mas quando tento vendê-la, recebo um: 'iremos fazer'. (sem previsões é claro)

Talvez eu tenha sido um filho da puta assassino, traficante dos piores em outra encarnação. Só pode ser isso! Ou talvez eu esteja passando por tudo isso e logo, logo acontecerão coisas que mudarão todo esse quadro.

AINDA confio em Deus.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Fracassado

Sempre fui o melhor da minha turma. Ainda quando estava no ensino infantil, no Instituto Educacional Caminho do Saber, sempre tirava as melhores notas. Era o orgulho da mamãe, pois todos professores me 'babavam'. Fui o orador da turma, recebi medalhas e homenagens. Lembro que quando terminava uma prova eu queria 'ajudar' meus coleguinhas. Quando terminei a 4ª série, alguns professores recomendarem que minha mãe  me colocasse em colégio melhor.

Naquela época fiz teste para dois colégios: Militar e Lourenço Filho. Não quis passar no primeiro, ouvia dizer que lá tinha muitas regras e ainda tinha que cortar o cabelo no zero. No tempo tinha um cabelo grande (para homens) e não queria cortar. Assim, dediquei-me apenas à prova do Colégio Lourenço Filho. Passei. Entre os primeiros. Ganhei bolsa para os primeiros seis meses no novo colégio.

Lá conheci um mundo diferente. Tinha laboratório. De informática e de Química. Tinha quadra grande. Ou seja, várias oportunidades para aquele que sempre foi o melhor em tudo. No Lourenço passei oito anos, incluindo um ano de Cursinho.
Nesses oito anos, não fazia o que meus colegas faziam: curtir à toa. Não gazeava aula, não comia ninguém (do colégio).  Nunca fui para uma casa de praia. Não usei drogas. Quando pegava uma menina bonitinha, se apaixonava. Quando resolvia beber, ficava embriagado com dois goles de qualquer coisa. Não ia à festas, pois não tinha grana. Maioria dos caras lá eram 'filhos de papaizinho'.

Talvez só consegui exito na Seleção de Futsal do Colégio. Muitos títulos 'conquistei'  na reserva. Minha primeira peneirada foi para basquete. Nada a ver né? Não passei. No segundo ano tentei de novo, já para futsal. Novamente em vão. Resolvi participar da escolinha, lá alguns 'subiam' para a seleção. Era o terceiro goleiro, praticamente só treinava. Ninguém me reconhecia como 'Goleiro da Seleção'.

Já quando cursava o Ensino Médio, consegui me estabelecer. Era reserva do eleito melhor goleiro do Nordeste na época. Entrava aqui acolá em alguns jogos. Geralmente no final. Em uma dessas, entrei numa final, fiz boa atuação, fui campeão. Enfim, na minha melhor fase, consegui desbancar o titular. Joguei todo o Campeonato Cearense, não me lembro qual ano. Na final contra o Farias Brito, sai faltando uns 10 minutos, estava 0 a 0. O antigo titular entrou, falhou e perdemos o jogo. Sempre ficava faltando alguma coisa pra mim.

Ainda como um dos melhores da turma nos estudos (apesar de não ser da turma especial...) fiz meu primeiro vestibular. Não entendia a dificuldade que era. Consegui passar na primeira fase: Odontologia. Recebi o carinho de todos. Achava que já estava 'dentro'. Resultado: Zerei Biologia na 2ª fase.
O consolo que recebi na época foi que eu ainda era muito novo. Tentei a segunda vez. Agora para Engenharia Quimica. Mais uma vez passei na 1ª fase. Desta vez entre os 30 melhores. Sabia que era minha hora. Mas, novamente, fracassei. Com 17 anos já queria jogar tudo pra cima, eu já era um fracassado.  Esperança da familia, dos professores e colegas era uma farsa. Eu não queria mais saber de estudo. Joguei tudo pro alto, preferi ficar em casa, lia um livro aqui acolá.

No fim de 2006, já com 18 anos, resolvi encarar mais uma vez o vestibular. Universidade Federal mais uma vez a enfrentar. Quimica desta vez. O resultado? Passei novamente. Só que também tinha feito vestibular para Jornalismo em uma faculdade particular. Havia passado, em 2º lugar geral (nunca o 1º), tinha garantido uma bolsa para os primeiros 6 meses. Assim, não resolvi nem tentar mais a 2ª fase a federal.

Começar o curso superior fez reacender as esperanças do fracassado. Resolvi voltar a pensar na vida. Encontrei uma namorada 'de verdade'. Juramos amor eterno. A eternidade chegou a quase dois anos. Com o fim, fui ao chão. Fiquei sem teto. Mais uma vez o estigma do fracasso estava dentro de mim.

Demorei para levantar. Resolvi jogar tudo pra cima de novo. Sai comendo tudo que era mulher, dos outros inclusive. Cachaça e cerveja eram certas todos finais de semana. Quando não entrava pela segunda e terça. Queria fazer tudo que eu não fiz. Quase entro em contato com as drogas. Um amigo estava na dependência.

Até a metade de 2009, vivia na bagaçeira. Foi quando passei por uma longa seleção para entrar no Jornal O POVO. Depois de 3 meses em estágio não remunerado, fui contratado. O estigma do fracasso, o que chamo de 'fantasmas', havia ido embora. Mais uma nova fase começava.

Mas a verdade é que não me sinto bem no cargo. Aspiro outras áreas, para isso, envio quase diariamente novas ideais, algumas são aceitas, outras não. Para as que são aceitas, não recebo agradecimentos. Não consigo alcançar a tranquilidade em casa, brigas e mais brigas sempre acontecem. Não consigo administrar meus gastos. Há meses pago juros do cartão. Não consigo produzir minha monografia. Não consigo se quer administrar meu namoro. Algo mais forte dentro de mim não deixa eu alcançar meus objetivos. Eu sou um fracassado.

Quem sabe Deus guarda algo de especial para mim. Eu peço que venha logo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sobre o Suicídio

Émile Dukheim nasceu em 1858 e faleceu em 1907. Já faz muito tempo. Ele foi mais um daqueles pensadores que são intitulados filósofos, antropólogos, físicos e sociólogos. Criou o fato social (qualquer forma de indução sobre os indivíduos que é tida como uma coisa exterior a eles, tendo uma existência independente e estabelecida em toda a sociedade, que é considerada então como caracterizada pelo conjunto de fatos sociais estabelecidos.) e é até hoje lembrado pro seus estudos.

Eu o conheci  no 1º semestre da faculdade. Disciplina de Sociologia. Naquele tempo não sabia a importância do cara. Estudou o suicídio, publicou  o livro 'O Suicídio', obra que lhe deu o título de Doutor. Era meio louco, estudar o suicídio... Dizem que começou a pesquisar o fato social (suicídio) após um amigo ter se matado. Não sei, mas acho que ele mesmo tinha problemas.

Em resumo, Dukheim classificou o suicídio em três. O egoísta, que consiste em uma falha na integração, uma individualização excessiva com o meio social, ou seja, para o suicida egoísta, sua existência não vale de nada, assim, o que resta é "partir para outra". O altruísta, refere-se à individualização insuficiente. Neste caso, o indivíduo é tão importante para o meio que ele sente-se no dever de sacrificar-se para atingir o grau de heroísmo. O anômico, quando nada faz sentido, nem no interior do indivíduo, nem no meio social. E mais, ele não consegue controlar isso tudo...

No estado de anomia o indivíduo não consegue acompanhar as mudanças e as pressões do meio. Tudo que ele faz não é suficiente. Ele luta, se esforça...e nada. Ninguém o enxerga.

Vivo esse momento. Tenho tentando ser uma boa pessoa. Me dedico ao trabalho e aos estudos. Acordo cedo todos os dias, faço o que tem para fazer (falto às vezes). Tento superar o cansaço, principalmente o psicológico.

Mas o esforço é muitas vezes em vão. Se eu acordar cedo e não fazer todas tarefas de casa , minha mãe me critica. Se desligo o ventilador as 5h da madrugada, minha irmã permanece com o dela ligado até às 9h. Além de acordar na hora que quer.

Ajudo no que posso. Faço o café quando não está pronto, lavo a área suja quando não está limpa. Tranco-me dentro do quarto para estudar, tento me concentrar. O processo de produção de monografia é dos piores. 

Enquanto isso minha irmã vai levantando, se tiver louça para lavar, ela lava se quiser. Ainda diz que lava todos os dias. E ninguém pode reclamar, se não ela 'engole'. Estuda quando quer, na maioria das vezes antes de entregar um trabalho ou fazer uma prova. Não liga para economias. Minha mãe dá 'tudo'. Quer ir ao cinema em todas as estreias. Estoura o cartão e pede para minha pagar porque ela não está trabalhando. Se antes de sair não tiver almoço pronto, quer comer em um restaurante caro. Quando chega, fica até a madrugada assistindo filmes, na maioria das vezes, o mesmo da noite anterior.

Graças a Deus como de tudo. Se almoço não sair no horário, como o arroz gelado com um ovo frito. 'O pouco com Deus é muito'. Não preciso de dinheiro para merendar, tomo uma café no trabalho, aguento até as 22h quando termina minha aula. Quando chego, não quero atrapalhar o sono de quer dormir, pois o som e a luz da TV incomoda quem quer dormir.  Olha que eu pago a assinatura da TV. Me tranco no quarto, ligo meu computador e vou 'tuítar'.

Gasto muito, confesso. Sobra mês no fim do dinheiro. É pouco, mas gasto com minhas coisas. Compro minhas roupas, tomo minhas cervejas e pago minhas peças de computador. Não gosto de pedir à minha mãe. Ela já paga a comida, a água e a luz, além das mordomias da minha irmã. Quando não resolve ajudar nas minhas dívidas.

Tento ser bom. Confesso que não quero ser 'Jesus', peço perdão por isso, mas tenho pensado muito nas pessoas. No trabalho, não venho atuando na seção que gostaria. Nasci para o jornalismo impresso, apesar de saber que o online é o futuro, quero viver os meus sonhos. Mesmo assim tenho me esforçado. Chego cedo e saio mais tarde. Nunca ouvi um obrigado. Minhas ideias saem no jornal. Quem acolheu a sugestão nem sequer sorri no dia seguinte.

Devido essas e mil outras coisas venho me estressando com a gota d'água que pinga no banheiro. Mando se fuder quem quer me corrigir. Não tenho paciência para minha namorada. Exilo-me no meu mundo. Tento silenciar, vê os erros e engoli-los a seco.

Mas tá difícil. Começo a entender o suicídio anômico.

"Suicídio, do latim sui (próprio) e caedere (matar), é o ato intencional de matar a si mesmo. Sua causa mais comum é um transtorno mental que pode incluir depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, alcoolismo e abuso de drogas. Dificuldades financeiras e/ou emocionais também desempenham um fator significativo"

domingo, 5 de setembro de 2010

Silêncio gritante

Mãe dos Lobisomens e dos vampiros, a Noite sempre foi inspiração para os poetas e boêmios. Tive um amigo que quando anoitecia, ele trancava-se no quarto escuro para compor músicas (que Deus o tenha, suicidou-se há alguns anos. É o que foi dito). Comparações à parte a Noite costuma me ferir sempre. É quando ela chega que eu sinto todas verdades que me corroem.

'Quando tá escuro/ E ninguém me vê/ Quando tá escuro/ Eu enxergo melhor', já dizia Pitty. Sinto que a Noite sempre me diz algo. Algo que me faz refletir. A maioria dessas coisas se diz respeito a minha vida, o que eu fiz, deixei de fazer, faço e ainda eu vou fazer.

Geralmente toca-se ao fundo uma música daqueles norte americanas, com tom suave e romântico. Consigo ver mil coisas rodando ao meu redor. Escuto o pingo d'água que cai no banheiro, os gatos e ratos e correm sobre o telhado e até mesmo a coruja que rasga o céu de lua cheia.

Penso também nos outros. Naquele amigo que tomou decisões surpreendentes, naquele que tem a vida ganha e naquele que nem se quer sabe o que quer. Penso nas inúmeras mulheres que já conheci. Naquelas que um beijo foi melhor que uma noite de sexo e também daquelas que loucamente, se entregou.

Mas o que mais me dói é pensar no meu futuro. Batalhei muito até aqui. Mas também deixei muita coisa para trás. Um curso de inglês nunca fiz, por exemplo. Vejo outros jovens da minha idade que já são vencedores, que renunciaram sua adolescência para alcançar o topo das conquistas. Tenho medo de terminar a faculdade e ficar ao 'léu'.

O fato de eu ter vivido uma adolescência 'loucamente', pegando muitas meninas, traição, sexo, alcool, me fez até forte. Melhor ter feito numa época onde 'tudo' era permitido. Vejo alguns amigos que não curtiram tal momento e se 'conformaram', pois o tempo passou,e agora já é tarde. E fica por isso.

Também já amei e já sofri. Se é que amor é algo que se possa definir. A Noite, escura, silenciosa e gritante, me diz o quanto eu já vivi, mas também me mostra o quanto de tempo ainda tenho para viver.

Mas também agradeço a Deus todos os dias por me dar esta noite, que resulta de um dia abençoado. Pois meus erros só Ele pode julgar. E confio Nele para que tudo dê certo. Para eu e para todos.


domingo, 22 de agosto de 2010

Areias do Tempo

Quem nunca sonhou com uma família perfeita?
 
Eu já. Acho que desde meu nascimento eu só tenho mãe. Uma mãe que é mãe e pai. Infelizmente ela não aprendeu algumas coisas que são exclusivas aos pais, como levar para jogar bola ou ‘ensinar’ sobre sexo. Isso eu tive que me virar.

Fora essas coisas minha mãe fez tudo para me fazer feliz, assim, não senti falta de um pai. Claro que quando via meus coleguinhas com seus pais, abraçando-os e dando carinho ficava com um pequeno desejo.

Meu pai (com)viveu comigo até por volta dos meu treze anos. Nunca me deu carinho nem atenção. Era bruto, sempre preferiu os cavalos a mim. Por isso que eu não ligava em roubar as moedas dele quando ele dormia.

Tinha várias delas. Cédulas também sobravam no bolso da calça estendida no armador. Mas eu só queria mesmo ‘trocados’ para os bombons. E mais que ele ‘precisava’ destas cédulas para cuidar dos animais dele. Pois certa vez quando eu estava doente, minha mãe pediu que ele comprasse um remédio, mas sua resposta foi curta: “O dinheiro que eu tenho é para tratar de um cavalo meu”.

Assim foi meu pai durante o tempo que morou aqui em casa. A única coisa que aprendi com ele foi a masturbação. Pois é, ele ficava me dizendo como fazer. Ainda bem que as meninas que trabalhavam aqui em casa foram mais além comigo.
 
Falando nelas, meu pai não tinha vergonha de traçar todas. A maioria delas, aqui mesmo. Na mesma cama que minha mãe dormia.

Lembro quando minha mãe comprou um carro. Era um Monza, daquele que parece um Kadett. Era bonzinho. A mãe fez muito esforço para comprá-lo (ela não tinha ajuda do meu pai).

Infelizmente o nosso carrinho durou pouco. Meu pai se apossou, ia para todo lugar, sem a gente é claro, mas com rapariga sim. Quando conseguimos ‘recuperá-lo’ já era tarde, tava batido, caindo os pedaços, daí que a mãe teve que vender para o ferro velho.

Pois bem, consegui crescer sem precisar do meu pai. Como disse no inicio, minha mãe me deu tudo. Deste modo, vi que meu pai não era necessário a mim e que eu tinha que esquecê-lo.

Passados quase 10 anos da saída dele aqui de casa (cheguei a encontrá-lo algumas vezes), ele resolveu nos procurar (eu e minha irmã). Ligou e mandou recados. Não respondi nenhum. Minha irmã até que conversou com ele, mas eu prefiro a distância.

Tentativas em vão, chegou a ‘notícia’ que ele se acidentou. Um daqueles mesmos animais que ele sempre amou caiu por cima dele. Não sei o certo, mas parece que foi um boi (ele pratica vaquejada). Minha irmã disse que ele estava com medo de ficar paraplégico. Claro que não acreditei. Mas minha irmã disse que ele queria me ver.

Há dias resisto. Ainda não sei mesmo o que aconteceu, mas rezo que ele esteja bem e que Deus o abençoe. Posso estar pecando em não querer visitá-lo, mas tenho mágoas que não sei se um dia irão se apagar.

Minha namorada, minha mãe e minha irmã condenam minha atitude. E fico de saco cheio se insistem.

Tal posição é apenas uma resposta para aquele que não fez o seu papel ou nem se quer chegou perto de fazê-lo.
Que Deus o abençoe.




sábado, 14 de agosto de 2010

Momentos finais

Sempre fico pensando o que ocorre com as pessoas momentos antes de morrer. Falo do que estavam fazendo, do que pensavam em fazer naquele que seria o seu último dia.

Sabe aquela criança que sonhava em ser um jogador de futebol e de repente é assassinada por um policial despreparado. O universitário que sonhava em se formar e realizar seu sonho de trabalhar em uma grande empresa. A professora que dava aulas gratuitas para crianças carentes e de repente é morta por um motorista embriagado.

O que essas e outras pessoas fizeram nos seus momentos finais. Estavam alegres? Estavam tristes? Como se sentiam...

Não ligo muito para aqueles que "pedem para morrer" todos os dias: pessoas que escolheram o submundo do tráfico e da violência. Mas e aqueles que um dia passaram por esta vida e foram tocadas por Deus e estavam se recuperando?

Vou dar o exemplo do meu tio, que morreu há um ano.

Antônio era o nome dele. Desde cedo escolheu o lado ruim da vida. Tentou matar minha vó, esta que o sempre amou, era usuário de drogas, andava armado e não tinha medo de ninguém. Onde chegava arrumava confusão. Tinha inimigos. Assim foi grande parte de sua vida.

Mas no último ano, resolveu mudar. Creio que Deus o tocou. Conseguiu um emprego, abandonou parcialmente as drogas, só tomava "uma para jantar". Minha vó sentiasse bem melhor. As pessoas não tinham mais medo dele. Queriam ele na roda de amigos.

Certo dia após o trabalho, chegou em casa como de costume e pediu para que uma tia (irmã dele) preparasse a "janta". Ele só ia tomar banho e beber "aquela para jantar". Era sua última.

Do outro lado do bairro, um homem chamado Neto, preparava a "tocaia". Para todos Neto anunciava a morte do meu tio. Temerosos, aqueles qeu escutavam não diziam nada. Neto já sabia tudo o que fazer, chegou a combinar até a fuga com um comparça. Colocou "pexeira" na cintura, cheirou uma carreira de cocaína e foi cumprir seu objetivo.

Enquanto isso, "Tio Toin" estava em um barzinho, saboreando sua última pinga. Minha vó tinha sensações ruim (o que fui saber no dia seguinte, coisa de mãe) e eu jogava bola no meu bairro. Eram 20h.

Meu tio já voltava para casa, prensado na sua "janta", quentinha e saborosa. Quando, sem perceber foi apunhalado pelas costas. Um grito alto e doloroso espantou a vizinhança. Covardemente, Neto dava o primeiro golpe.

Caído, meu tio pedia socorro, ninguém ia "se meter". Um ou outro ainda arriscava gritar, mas era ao mesmo tempo, ameaçado. Sem dó e dominado pelo ódio e pelas drogas, Neto "rasgava" meu tio. Algo que só se ver em filme de terror. Ouvir dizer que foram 12 facadas.

Uma "poça" de sangue se forma naquela pequena rua. Os irmão, que moravam alí perto foram avisados minutos depois, já era tarde. A polícia e a ambulância demoraram para chegar. Como sempre. Até seu cachorro, companheiro de moradia chegou por lá. Permanecendo quando o corpo foi levado.

Até o hoje o caso encontra-se em aberto. O assassino anda pela mesma rua que meu tio foi morto. Sem se preocupar. Minha vó, até hoje chora.

Nos seus últimos momentos ele estava feliz.